quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cena gospel cresce no Brasil e abriga projetos e eventos diferenciados




Suas músicas falam da luta diária contra as "tentações" criadas pelo estilo de vida capitalista. Suas rimas comparam passagens da Bíblia com a dificuldade enfrentada nas periferias brasileiras e promovem a mudança de comportamento para uma recompensa em um plano superior. Sobre seus beats, propagam sua fé. Seus versos falam de amor, mas não negam a mobilização política e social.Cada vez mais, o rap gospel brasileiro mostra seu poder de inserção entre os jovens, com produções conectadas ao processo de mudança contínua nos cenários pop, black e rap. Há tempos, artistas como Ao Cubo, Fex, U-Sal, Efikaz, Dee, Parábola, Manuscritos, Rap Sensation, Banca DK, DJ Alpiste, Profet Alex, Pregador Luo e X-Barão, entre outros, lançam seus CDs e fazem apresentações em igrejas e em grandes casas de shows por todo o Brasil.Essa movimentação acontece de maneira articulada ao rap dito "secular" e, há algum tempo, chama a atenção de produtores de eventos e das grandes gravadoras. Alpiste, veterano DJ e MC da cena brasileira, acaba de assinar com a Sony Music; o grupo Ao Cubo, que tem quatro CDs lançados e é conhecido pela sofisticação de seus instrumentais e letras bem elaboradas, prepara dois videoclipes e um show de lançamento de Um Por Todos, seu mais recente trabalho, na tradicional casa de eventos Villa Country, em São Paulo. No mês passado, fãs e fieis lotaram o espaço Bola de Neve para assistir aos shows de T-Bone, atração internacional, Banka DK e Ao Cubo. O evento teve cobertura do site Radar Urbano, que tem o cristão Freitas como editor. X-Barão, MC que tem seu próprio selo, dois CDs gravados e um programa na rádio Rap Gospel, divulga o rap cristão por todo o país.DJ Lipe, do grupo Parábola, acredita que o rap gospel é uma vertente do rap brasileiro e pontua a importância da mensagem transmitida pelos artistas desse estilo. "Como na música gospel em geral, o rap tem o foco de louvar e adorar unicamente o nome de Jesus Cristo através de cada faixa gravada. Tenho acompanhado e feito parte disso desde 2006", explica ele. "Acredito que o fortalecimento e o crescimento dessa cena são decorrentes de bons trabalhos que foram e são realizados nos dias de hoje, tanto pelos grupos pioneiros, quanto pelos grupos da nova escola. Como resultado disso tudo, podemos ver o crescimento do público em grandes eventos, e também do número de grupos que surgiram, frutos deste trabalho no Brasil. Fica até difícil dizer um número exato de grupos, pois são muitos."Com dez CDs lançados, o rapper Pregador Luo, envolvido com o hip-hop desde 1988, é fundador do grupo Apocalipse 16 e proprietário do selo independente 7 Taças, o mais bem-sucedido do rap gospel tupiniquim. Luo é uma das referências máximas na cena cristã e ultrapassa a barreira do rap, participando de projetos de artistas de diferentes gêneros musicais.Alguém pode perguntar: se a mensagem é praticamente a mesma, os evangélicos do hip-hop fazem músicas parecidas? A resposta é não. O rap gospel tem influências estéticas do rap alternativo, do R&B, do dirty south, do rock e até do gangsta rap. O estilo de vida cristão é disseminado através de diferentes beats e rimas, mas com a mesma energia.

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